Resumo Geral

Distância percorrida e deslocamento

O movimento é um dos fenómenos físicos que observamos com mais regulari­dade.

Desde as grandes galáxias às partículas subatómicas, tudo se move com maior ou menor rapidez.

São as pessoas que andam pelas ruas, os automóveis que circulam nas estradas, os navios que cruzam os oceanos, os aviões que se deslo­ cam no ar, a Lua que gira à volta da Terra, a pedra que cai, o vento que sopra, a planta que cresce …

 

 

Mas, como vais ver, há vários tipos de movimentos: rectilíneos e curvilíneos, e, dentro destes, uniformes, acelerados, retardados, uniformemente variados, etc.

Neste ponto, vais constatar a importância do estudo dos movimentos e das forças.

Compreenderás que o conceito de repouso e de movimento é relativo e aprenderás a classificar os movimentos através da análise de  gráficos.

Apesar de não podermos ver as forças, serás também capaz de aceitar a sua existência, já que muitas vezes observamos os seus efeitos.

Por exemplo, ao actuarem num corpo, não só podem deformá-lo como tam­ bém alterar o seu estado de repouso ou de  movimento.

Vais compreender que as forças, que podem ser de natureza diversa, tradu­zem interacções entre corpos.

 

Repouso e movimento

 

Um corpo está em movimento quando a sua posiçao varia, no decorrer do tempo, em relação a outro que tomamos como  referencial.

Por exemplo, numa viagem de comboio, os  passageiros estão em repouso relativamente ao comboio – referencial, mas estão em movimento em relação a uma casa ou a uma árvore (referencial diferente do primeiro) que se encontram na berma da  estrada.

Um corpo pode, portanto, estar em repouso relativamente a um referencial  e, ao  mesmo tempo, em  movimento  em  relação  a um outro referencial.

O estado  de  movimento ou  de  repouso  de  um corpo  é  pois relativo,  isto é, depende do referencial escolhido.

 

Trajetória

 

Um corpo em movimento relativamente a um dado referencial descreve uma trajetória.

A trajectória é, portanto, a linha imaginária descrita por um corpo no seu movimento, relativamente a um dado  referencial.

Esta linha indica as sucessivas posições que o corpo ocupa ao longo do tempo. As trajectórias podem ser rectilíneas ou curvilíneas (circulares, elípticas, parabólicas, etc.).

A forma da trajectória vai depender do referencial escolhido.

 

De acordo  com a forma  da trajectória,  os  movimentos  podem ser classifica­dos  em  movimentos rectilíneos e movimentos curvilíneos.

 

Distância percorrida e deslocamento

 

Em Física, distância percorrida (ou espaço percorrido) e deslocamento são grandezas físicas diferentes.

A distância percorrida, d, é uma grandeza escalar, sempre positiva, que   é medida  sobre  a trajectória.

O  deslocamento,  é  uma  grandeza  vectorial.  O  vector  deslocamento  tem origem  na posição inicial e extremidade  na posição final.

A unidade SI de distância e de deslocamento é o metro (m).

Para compreenderes melhor a diferença, repara na figura seguinte.

 

A distância percorrida, d , por um automóvel, entre as posições A e B, corres­ ponde à medida do percurso efectuado pelo automóvel ao  longo da estrada, entre A e B.

O deslocamento, efectuado  pelo  automóvel, entre  as  posições A  e  B, cor­ responde ao vetor ; que tem:

  • origem na posição inicial A e extremidade na posição final B;
  • sentido da posição inicial para a posição final;
  • valor igual à medida, em linha recta, da distância entre as posições inicial e final.

 

Pode acontecer que a distância percorrida e o valor algébrico do vector des­locamento – deslocamento escalar, sejam iguais.

É  o  que  se  verifica  no  caso  de um corpo  que  descreve  uma  trajetória  retilínea  sem  inverter  o sentido.

Considera, por exemplo, os automóveis da figura seguinte a  deslocarem-se numa  estrada  retilínea, sem  inverter  o sentido.

Nota:

  • Distância percorrida, d – grandeza escalar que é definida apenas por um valor numérico e respetiva unidade.
  • Deslocamento, – grandeza vetorial que é caracteri­za da por uma direção, um sentido e um valor expresso por uma unidade.


Se fizermos coincidir  o eixo dos xx com a direção  do  movimento  retilíneo, o vetor  deslocamento  poderá  ser  representado  por o  deslocamento  escalar, poderá ser obtido pela diferença  entre a posição final, xf,  e a posição inicial, xi.

  • No caso do Beetle, que se dirigiu de A para C, a distância percorrida foi de 700  m e  o deslocamento  escalar foi  de + 700 m.

  • No caso do Smart, que se dirigiu de C para A, a distância percorrida foi de 700 m e o deslocamento escalar foi de -700 m.

Poderás, então, concluir que, enquanto as distâncias percorridas são sempre positivas, os deslocamentos escalares podem ser positivos ou negativos.

Como acabaste de verificar, a distância percorrida indica apenas a medida do percurso efectuado, enquanto o deslocamento escalar tem a vantagem de indi­car a distância (medida em linha reta) a que se está de um dado ponto, bem como de informar em que sentido o móvel se  desloca.

Nota:

Numa trajetória retilínea, sem inversão de sentido:

  • Se o deslocamento escalar é positivo , o móvel desloca-se no sentido positi­vo da trajetória .
  • Se o deslocamento escalar é negativo , o móvel desloca-se no sentido nega­tivo da trajetória .

E se os automóveis invertessem o sentido, qual seria a distância percorrida e o deslocamento escalar de cada um, desde que saísse até que regressasse à posi­ção de partida?

Como a distância entre A e C é de 700 m, a  distância total percorrida, por  cada um deles, seria  de  1400 m.

Quanto ao deslocamento escalar, podemos verificar que seria de 0 m para os dois.

  • No caso do Beetle, que se dirigia de A para C e depois para A, seria:

  • No caso do Smart, que se dirigia de C para A e depois para C, seria:

 

Poderás, neste caso, concluir que, quando há inversão de sentido do movimento, o valor do deslocamento de um móvel não é igual à distância percorrida; como vimos, pode mesmo ser  nulo!…

Nota:

• A distância percorrida, d, depende da trajectória esco­lhida.

• o deslocamento, não depende da trajetória; depende apenas das posições inicial e final.

Um corpo pode seguir diferentes trajetórias e efectuar um mesmo deslocamento.

Rapidez média e velocidade

Rapidez média

No dia-a-dia, falamos normalmente em velocidade quando, com rigor, deve­ ríamos falar em rapidez média.

Em Física, o conceito de velocidade é um pouco diferente.

Assim, quando dizemos que um automóvel viaja a 60 km/h e outro a 80 km/h, todos somos capazes de dizer que o segundo se desloca a uma velocidade supe­ rior à do primeiro pois, enquanto que o segundo percorre 80 km numa hora, o primeiro só percorre  60  km, mas o que  nós deveríamos  dizer  é que a  rapidez média do segundo é superior  à do  primeiro.                                                                              

Os físicos designam por rapidez média, rm , a  razão entre a distância percorri- da  por um corpo  e o  intervalo  de tempo  que  demorou a percorrê-la.

A rapidez média exprime-se, no Sistema Internacional de Unidades (unidade SI), em metro por segundo, m/s.

Nota:

A  rapidez média, rm ,  é  uma grandeza escalar; nada informa sobre a direção e o sentido do movimento .  

Vimos que a rapidez média indica apenas a distância percorrida por um corpo por unidade de tempo; nada informa sobre a direcção e sentido do  movimento.

A velocidade já é uma grandeza que nos informa não só da rapidez com que um corpo muda de posição no seu movimento como também da direcção e do sentido  do movimento.

A velocidade é, portanto, uma grandeza vetorial caracterizada por direção, sentido,  intensidade ou valor.

A unidade SI de velocidade é o metro por segundo,   m/s.

Representa-se,  em cada  instante, por  um vetor – o vetor velocidade.

No caso de um movimento retilíneo, o vetor velocidade tem a direção da trajetória.

No caso de um movimento curvilíneo, o vetor velocidade tem direção tan­gente à trajetória, em cada  instante.

Nota:

  • A rapidez média é uma gran­deza escalar.
  • A velocidade é uma grande­za vetorial .

 Aceleração

Quando dizemos que um automóvel se desloca a 80 km/h, não significa que a sua velocidade seja constante durante todo o percurso. Nem isso seria possível numa estrada … A sua velocidade varia a todo o momento.

Assim, quando se inicia uma viagem, a velocidade do veículo  aumenta. Depois, durante a viagem, são muitos os momentos em que é necessário acelerar, abrandar ou até parar.

Em  Física, sempre  que a velocidade  varia, falamos  em aceleração.

Repara  no quadro  que se apresenta  a  seguir.  Os dados  que  nele constam foram  retirados de uma revista automóvel.

Como podes verificar, o Honda Jazz demora 12,9 s a atingir a velocidade de 100 km/h, o BMW demora 11,5 s e o Audi 8,7 s. Qual o significado desta informação?

Significa que a aceleração média destes automóveis, em  iguais circunstân­cias numa estrada, é diferente, pois a sua variação de velocidade por segundo é diferente.

Nota:

  • A aceleração média, é uma grandeza vetorial ; para a caraterizar é necessário conhecer a sua direção, sentido e valor .

A aceleração média, é uma grandeza vetorial que traduz, portanto, a variação da velocidade de um corpo, por unidade de  tempo.

Assim, num movimento rectilíneo:

  • Se a velocidade aumenta, no decorrer do tempo, o vetor aceleração média, tem a mesma direção e sentido  do  vetor  velocidade. O movimento diz-se acelerado.

  • Se a velocidade diminui, no decorrer do tempo, o vector aceleração média tem a  mesma direcção,  mas sentido  contrário  ao do vetor  velocidade: O movimento  diz-se retardado.

 

Como se calcula o valor da aceleração média?

No caso de um movimento rectilíneo, o valor da aceleração média pode ser calculado dividindo o valor da variação da velocidade pelo intervalo de tempo correspondente.

E em que unidade se exprime a aceleração?

A aceleração exprime-se, no Sistema Internacional de Unidades (unidade SI), em metro por segundo ao quadrado, m/s2, pois a variação da velocidade expri­me-se em metro por segundo, m/s , e o intervalo de tempo  em  segundo, s. Metro por segundo e por segundo é metro por segundo ao  quadrado.

Nota:

  • Só num movimento rectilí­neo é que o valor do vetor variação de velocidade, é igual à diferença entre os valores das velocidades final e inicial.

 

Como se classificam os movimentos?

Vimos já que os movimentos podem ser classificados, de acordo com a trajetória descrita pelo corpo, em retilíneos e curvilíneos.

Mas os movimentos também podem ser classificados de acordo com a velo­ cidade do corpo, como vamos ver.

Movimento retilíneo uniforme

Diz-se que um movimento é rectilíneo uniforme (m. r. u.) quando:

  • a trajetória descrita pelo corpo é retilínea;
  • a velocidade do corpo se mantém constante no decorrer do tempo.

Neste movimento, como a velocidade se mantém constante, o corpo percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.

As distâncias percorridas são, portanto, diretamente proporcionais aos tempos gastos em percorrê-las.

Como o movimento é rectilíneo, se  não houver  inversão de sentido, o valor da velocidade em qualquer instante é igual à rapidez média.

Nota:

  • Um movimento diz-se unifor­me quando o valor da veloci­dade se mantém constante.
  • Há  movimentos uniformes, retilíneos  e curvilíneos.

Gráfico posição-tempo para o movimento retilíneo uniforme

Como as distâncias percorridas são diretamente proporcionais aos tempos gastos em percorrê-las, o gráfico posição-tempo é um segmento de reta, com uma certa inclinação, que passa pela origem do referencial, que coincide com a posição no instante inicial.

Através deste gráfico, podemos conhecer a posição do corpo em cada instante do seu movimento, bem como calcular o valor da velocidade. Repara que, no gráfico posição-tempo, a inclinação da reta corresponde ao valor da velocidade.

Gráfico velocidade-tempo  para o movimento retilíneo uniforme

Como a velocidade se mantém constante no decorrer do tempo, o gráfico velocidade-tempo é um segmento de reta paralelo ao eixo das  abcissas.

Através deste gráfico, podemos conhecer o valor da velocidade do movimen­to, bem como calcular o deslocamento ou a distância percorrida pelo corpo durante um dado intervalo de  tempo.

Repara que, no gráfico velocidade-tempo, a área do retângulo assinalado cor­responde ao produto do valor da velocidade pelo intervalo de tempo considerado.

Então, como

o valor da área do retângulo corresponde à distância percorrida, nesse intervalo de tempo.

Análise gráfica de dois movimentos

Para comparar o movimento de dois ou mais veículos, é útil recorrer a uma representação  gráfica  num mesmo sistema  de eixos.

No caso de um automóvel e de um camião que seguem  numa mesma auto­estrada, com movimento retilíneo uniforme, à velocidade  de  100 km/h e  de 50 km/h, respetivamente, podemos, por exemplo, considerar que:

  • O automóvel e o camião partem ao mesmo tempo do mesmo local e no mesmo sentido.

  • O automóvel e o camião partem ao mesmo tempo de locais diferentes e no mesmo sentido.

  • O automóvel e o camião partem ao mesmo tempo de locais diferentes e em sentidos contrários.

  • O automóvel e o camião partem ao mesmo tempo de locais diferentes e no mesmo sentido.

Movimento rectilíneo uniformemente variado

Diz-se que um movimento é retilíneo uniformemente variado quando:

  • a trajetória descrita pelo corpo é retilínea;
  • o módulo da velocidade do corpo varia uniformemente  no decurso  do  tempo, isto é, a aceleração média do corpo mantém-se constante.

Nota:

  • No movimento retilíneo uni­formemente variado, a acele­ração mantém-se constante.

Um  movimento  retilíneo  uniformemente  variado  pode  ser  acelerado ou retardado. Assim, será:

  • Movimento retilíneo uniformemente acelerado (m.r.u.a.) – se o módulo da velocidade aumentar uniformemente no decurso do tempo. A aceleração é, portanto, constante, com a mesma direção e sentido do movimento.

  • Movimento retilíneo uniformemente retardado (m.r.u.r.) – se o módulo da velo­cidade diminuir uniformemente no decurso do tempo. A aceleração é, portanto, constante, com a mesma direção mas sentido contrário ao do movimento.

Num movimento retilíneo uniformemente variado, é  também  possível  cal­cular a distância percorrida por um corpo, num certo intervalo de tempo, a partir do gráfico velocidade-tempo.

De que dependerá a distância de segurança rodoviária?

Podemos dizer que uma travagem é feita em dois  tempos:

  • o tempo de reacção do condutor;
  • o tempo de travagem.

O tempo de reacção do condutor – é o tempo decorrido entre o instante em que o condutor se apercebe do obstáculo ou situa­ ção de perigo e o instante em que se inicia a travagem.

Este curto intervalo de tempo, que não ultrapassa em geral uma fracção de segundo, varia de condutor  para  condutor  e, para  um  mesmo  condutor,  depen­ de também  do seu estado físico  e  psíquico.

Depende dos reflexos do condutor, da sua idade, da sua experiência como condutor, da sua concentração, do seu cansaço e, também, do consumo de álcool, drogas e certos medicamentos.

A distância percorrida pelo veículo, durante o tempo de reacção do condutor, designa-se por distância de reacção.

  • O tempo de travagem – é o intervalo de tempo entre o instante em que o condutor  inicia efectivamente a travagem  e o instante em que o veículo pára.

A distância de travagem é, portanto, a distância percorrida pelo veículo durante o tempo de travagem .

À soma das distâncias de reacção e de travagem chama-se distância de segu­rança.

Nota:

• A distância de travagem depende de muitos fatores.Para além da velocidade que o veículo leva no momento da travagem, depende tam­bém das condições da estra­da (piso escorregadio, por exemplo), travões e pneus, das forças de atrito, da mas­sa do veículo, etc.

Por  exemplo,  um automóvel  que circule à  velocidade  de 90 km/h, em estrada seca  e  cujo  condutor  tenha  um tempo  de  reacção  de  1 s,  percorrerá  durante  o tempo  de  reacção  25,0 m e durante  a travagem  efectiva  44,6  m , sendo  a distân­ cia de segurança  de 69,6 m

 

Se este  mesmo automóvel circular  nas mesmas condições,  mas à  velocidade de  120 km/h, a distância  de  reacção  passará  a ser  de 33,3  m e a de travagem  de 79,4 m, sendo a distância  de segurança  de  112,7 m.

Ler mais: http://www.triplex.com.pt/a9%C2%BAano/a1-movimentos-e-forcas/a1-1-movimentos-na-terra/resumo-n%C2%BA1/

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